Tudo tem uma razão de ser...

Interessante que ao longo destes anos nunca ter contado ao certo o porquê da origem deste blogue... 

Talvez por nunca ter tido a oportunidade de ser questionada de o porquê de escrever "coisas" numa página pública acerca (muitas vezes, ou pelo menos a maior parte das vezes...) dos meus sentimentos, lutas emocionais e dos desafios que a vida tem o dom de colocar à frente...

Pois bem, talvez hoje seja o dia certo para contar um pouco do porquê da origem deste cantinho tão especial que foi o meu refúgio durante tantos anos e que hoje continua a sê-lo mas não de uma forma tão fugaz e única.

A minha primeira exposição foi há 9 anos atrás quando tinha 15 anos. 

Nessa altura estava a passar por uma grande depressão, a qual lutava sozinha sem saber como nem porquê de existir tanta dor dentro de mim (saber até sabia mas não queria aceitá-la de certa forma). 

Expressão verbal a nível emocional era para mim (ainda hoje o é, pelo menos não de uma forma tão opaca...) um labirinto pelo qual não conseguia passar. Era deveras, uma luta pela qual não conseguia vencer com a voz em modo on... 

Até que um dia, uma amiga (na altura éramos grandes amigas na escola) que também tinha o dom da escrita e, apercebendo da minha incapacidade de extrinsecar a minha dor e o que me tormentava disse-me: "Porque não escreves um blogue? Assim não tens de dizê-lo a ninguém pessoalmente..."

Foi das melhores sugestões que naquele momento poderia receber! 

As palavras escritas de certa forma, transparecem (não num todo é certo...) uma parte daquilo que não conseguimos dizer de forma sonora.

Quando falamos com a voz, não temos a oportunidade de dizer o que queremos de forma organizada, esclarecedora e objetiva principalmente se temos um novelo de emoções revoltos dentro de nós... Mas a escrita... esta sim.. permite corrigir e organizar as nossas ideias... 

Recordo-me de muitas vezes começar a escrever frases aleatórias, tal como vinham à cabeça e, a partir daí organizá-las tal como queria me expressar.

A escrita a partir daquele momento passou a ser a minha terapia, a minha organização de emoções entrelaçadas.

Durante muito tempo, este foi o meu cantinho de refúgio das minhas ansiedades, dos meus medos, dores e bloqueios emocionais. 

Acho que o mais emocionante, foi ao longo deste percurso ter encontrado outras pessoas que passavam por algo idêntico e que refugiavam-se também na escrita.

Deixei de ter vergonha de assumir que parte de mim é frágil, sensível, enormemente cicatrizada... Não me importo de carregar essa parte comigo, faz parte de mim e de quem eu sou.

Algumas tempestades na vida, por muito dolorosas que sejam, ajudam-nos a tornar humanos mais sensíveis à dor alheia e menos egoístas.

Apesar de tudo, hoje encontro-me numa viragem positiva da minha vida e sinto-me grata por tudo o que hoje tenho: amigos, família, irmãos, dias de sol, dias de chuva, dias frios, dias quentes, vida...

Tudo torna-se mais colorido e belo quando encaramos a vida com outra atitude, positividade e acima de tudo: com gratidão.

Claro que esta foi uma forma resumida de explicar o porquê da criação deste blogue... Achei necessário fazê-lo. Porquê? Bem... talvez seja o tempo certo disso :)

Sejam felizes mas nunca ignorem as vossas dores! As feridas precisam de tempo para sarar e cicatrizar, quer sejam físicas quer sejam emocionais...!

Vemo-nos em breve!